Dez minutos de puro tédio e um bloco de notas aberto dá nisso:Não Alimente Os Professores Da Escola Cristã de Ensinamentos CristãosCapítulo 0,5
Mas cadê o tio?Era mais um dia alegre na Escola Cristã de Ensinos Cristãos, a turma do primeiro ano do ensino médio estava em sua sala. Ezequiel, um gordinho com um black power loiro e um casaco azul marinho desbotado, contava o número de chicletes colados embaixo de sua classe, apalpando a mesma.
Suzi, a típica gostosinha da turma, lixava as unhas e lia o livro "Seja Feliz Com Alguns Kg A Mais", o que não fazia sentido pois Suzi era, como dizem os jovens, um tesão.
Tudo no perfeito andamento, mas o Seu Geraldo, professor de Sacrifício Galináceo Divino, ou seja, ensinava a criançada a matar galinha pra macumba, não chegava, e não chegava, era 9:30 e nada do seu Geraldo adentrar pela porta de uns dois metros com bordas de madeira, devia ser mogno, mogno é uma madeira fodona, logo a porta dos professores tinha que ter uma madeira fodona. Sim, na Escola Cristã de Ensino Cristão alunos e professores tinham portas diferentes para entrar na sala.
O por que disso ninguém realmente sabe.Pelo menos até agora.
--Mas cadê o tio?- perguntavam os alunos.
Aos exatos 9:45 entra a diretora da escola, Senhora Marialuisaluciamá, uma senhora de bons 80 anos, magra, óculos estilo o pessoal do Devo usava, cabelo roxo e um colar de pérolas gigantes, que usava desde o dia que o ganhara. Senhora Marialuisaluciamá tinha um apelido entre os alunos, Hitler De Saias era como a chamavam pelas costas, pelas frente e as vezes até pelo lado esquerdo, mas ela não estava sozinha, entrava com ela um rapaz ruivo penteados para traz, sem ser lambido, bem pálido, olheiras, um terno verde de veludo que daria pesadelos a qualquer estilista homossexual, sapatos marrons e carregava embaixo do braço pasta, que parecia estar com a alça quebrada, fazendo nosso amigo ter dificuldades para carregar a mesma. Hitler de Saias falou seca e fria:
--Turma, infelizmente o professor de vocês, Geraldo Almamorta, veio a falecer ontem a noite. Enquanto praticava um dos seus métodos de sacrificar galináceos sua casa foi arrombada pela Instituição De Pessoas Afetuosas Com Bom Coração Que Ama e Protegem Os Galináceos, a IPABCAPG, que seqüestraram sr.Almamorta, arrancaram todos seus pêlos, e deixaram seu corpo nu em um cruzamento da cidade, ao lado de uma garrafa de cachaça e um par de velas. Infelizmente segundo a nova legislação isso é algo totalmente aceitável e legalizado para um grupo que ama animais.
Toda turma estava espantada e em estado de choque, menos o jovem Afonso T. Wildner, também conhecido como Espoleta pela turma, que estava mais preocupado em desenhar a diretora do colégio usando vestes de couro chicoteando alunos em sua classe e nem ouviu a notícia. Hitler De Saias continuou:
--Devido esse acidentes muitos profissionais do ramo acabaram largando de sua profissão, assim não encontramos mais nenhum professor de Sacrifício Galináceo Divino, então chamamos o senhor Frankfurt George, professor de Ping-Pong, Jokempo E Outros Jogos Que Não Necessitam Muito Esforço Físico...
A diretora deve seu monólogo interrompido pelas risadas de todos os alunos, e mais uma vez Afonso não prestou atenção.Frankfurt sorriu um sorriso amarelo de quem já estava acostumado pela achincalhação de sua matéria. Hitler De Saias continou, em um tom ameaçador:
--Turma! Turma! Sr.George é um profissional sério e não veio aqui para aceitar gracinhas! Sr.George, a turma é sua.- disse a diretora, apontando para os 14 alunos com cara de semi retardados sentados atrás de classes verde claro.
--Obrigado diretora- disse George enquanto acomodava sua pasta em cima da tribuna do professor, pois aquilo não era uma classe ou mesa, e sim os típicos palanques onde o juiz fica em julgamentos legais.
-- Vou lhes contar um pouco sobre minha matéria, jovens cristãos cheios de amor pra dar. –disse ele retirando um raquete de ping pong e uma bolinha de sua pasta.
--A bolinha é o mundo, o globo, nosso amado e gostoso planeta Testa...Terra, desculpem, planeta Terra- disse ele encabulado pelo erro cometido, não entendia por que sempre errava o nome do planeta Terra, e as vezes até agia com estranheza a coisas típicas do seres terrestres.
--Bem, a bola sendo o planeta terra, a raquete é deus, é o divino, o poder dos céus. Estão entendendo? Pois bem, Deus brinca e brinca e brinca com o planeta Terra, joga ele para lá, rebate para cá, dá de quina, realmente uma diversão louca! – falava ele enquanto rebatia a bolinha contra a parede.--Até que chega um dia que Deus cansa de jogar seu ping pong, e aí o que ele faz? AÍ ELE ESMAGA A BOLINHA QUE AGORA NÃO TEM MAIS NENHUMA UTILIDADE! – gritava, enquanto pisava compulsivamente em cima da bolinha de ping pong.
--E é para isso que eu estou aqui, para ensinar a vocês o que fazer no dia da Partida Final, onde só os fortes e cheios de conhecimento terão a chance de ir para uma nova terra, A Bola Wilson De Tênis Ao Sul!
Toda turma chocada com o entusiasmo perturbador do professor e com a novidade que moravam em uma bola de ping pong e logo logo o mundo iria acabar. Afonso, que dessa vez largara de desenhos e prestou atenção, falou assustado:
-Santa batatinha! NOS ENSINE AGORA COMO NOS SALVAR DISSO!Toda turma encarou o professor Frankfurt a procura de uma resposta.Frankfurt disse:
-Tô zoando, galerinha. A gente só vai jogar uns joguinhos bestas na minha aula.
